Valores do Manifesto Ágil – Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas

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Os valores do Manifesto Ágil dizem muito nas entrelinhas.

A partir deste post, vamos comentar cada um dos Valores e os Princípios do Manifesto Ágil tentando ler um poucos das entrelinhas do conteúdo do manifesto.

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Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas

Neste contexto, indivíduos são pessoas e interações é o relacionamento entre estas pessoas. Processos são processos, e ferramentas são ferramentas.

O Manifesto Ágil prega que humanizar projetos e o contato humano intenso são fundamentais para o sucesso de projetos ágeis; eu não discordo disso. Fazer software não é como fazer um carro, é linha de produção x produção artesanal.



Indivíduos

Quem nunca viu algo como: “se fulano sair não tem problema, está tudo documentado.” ou “o cara é muito bom, mas temos maturidade no processo e histórico de tudo, colocamos outro e a produção dele será a mesma”.

Se uma empresa jogar fora todos os seus processos e ferramentas e deixar os funcionários, ela ainda tem chances de funcionar. Se ela jogar fora seus funcionários e ficar com seus processos e ferramentas, impossível dela funcionar.

Isso soa até como um axioma, valendo como afirmativa incontestável de que, numa empresa, indivíduos são mais importantes que processos e ferramentas.

E do ponto de vista moral, pessoas são pessoas. Pessoas não são matrículas, ID’s, logins. Infelizmente, muita gente ainda pensa o contrário…



Interações

Comunicação é o calcanhar de aquiles de muitos projetos de software.

Mas quando prega-se interação é importante entender que trata-se de “boa interação”; papear sem rumo toda hora e fazer happy hour no horário de expediente não é o foco; nas entrelinhas, leia-se “interagir é mais importante que processos e ferramentas desde que todos ganhem com isso“.

Quais seriam as premissas para uma boa interação no contexto de um projeto?

  • Comunicar-se com intensidade e frequência (diminuir a distância entre os membros do time e demais envolvidos e comunicar-se mais entre eles).
  • Comunicar-se com eficiência (otimizar a comunicação, sempre melhorando cada nova comunicação “fazendo melhor”).
  • Comunicar-se com eficácia (ter foco e objetividade para atingir os objetivos de cada interação).

Eu já trabalhei num projeto onde durante um ciclo de vida de três meses eu vi o usuário final três vezes (uma no início do projeto, outra na fase de testes e outra na fase de implantação).

/* Na época tínhamos e-mail, MSN e telefone, mas por telefone não dava para falar muito – usuários sempre em reunião, e contato pessoal é sem igual, ainda mais quando falamos de escopo, por exemplo. */

Neste mesmo projeto, tínhamos ferramenta de acompanhamento de projetos on-line, bug-tracking on-line e um processo bem definido (Waterfall melhorado, mas atendia bem).

O resultado final infelizmente não foi bom. Eu também já trabalhei em projetos onde fiquei em War Room (Sala de Guerra) um mês com usuários, 10 horas por dia em média.

Tínhamos apenas cronogramas locais do project (arquivos .mpp) e planilhas excel para controlar o projeto, e nenhum processo. O resultado final – sem querer fazer proselitismo – foi espetacular.



O meio termo como a medida para toda as coisas

Não aconselharia ninguém a jogar fora seus processos e ferramentas e instituir o “reino da interação”, com o time no comando absoluto. Não é por aí. É uma questão de priorização, importância, relevância.

Mas nenhuma empresa de software (especificamente) funciona de maneira minimamente organizada sem processos e ferramentas; a premissa é utilizar apenas o que “realmente é necessário” destas duas coisas, utilizando-as na produção como MEIO e não como FIM.

/* Um terrível aspecto do uso de processos e ferramentas é que muitos pensam que isso resolve tudo. Não resolve. Pessoas resolvem as coisas. A prioridade deve ser as pessoas, suas ações, ideias, bem estar e resultados. Não são os processos que devem guiar as pessoas de um time produtivo, e sim o time produtivo que deve guiar o processo, adaptando-o em “produção”, em “tempo de execução”, sempre que necessário, para que a eficiência e a eficácia sempre sejam otimizadas. */

E pessoas são seres humanos, com forças e fraquezas. Pessoas precisam de algum controle, acompanhamento, pois existem “retos” e “tortos”. O ser humano em primeiro lugar, mas desde que ele faça por onde lá estar.

Esta é a primeira versão deste post, pretendo melhorá-lo, é um assunto muito interessante.

Abraços!