Há algumas semanas realizamos uma pesquisa com nossos leitores, sobre a agilidade nas empresas.
Através de um questionário de cinco perguntas nosso objetivo foi entender um pouco melhor o avanço da agilidade e algumas coisas relacionadas, nas empresas onde nossos leitores trabalham (lembrando que nosso público é composto por profissionais que trabalham com produção de software).
O resultado foi bem interessante e na minha opinião, retrata bem o momento que estamos vivendo na transformação da cultura das empresas que produzem software, seja como atividade meio ou como atividade fim.
A seguir, temos as cinco perguntas com as respostas (printei os gráficos do Google Forms) e comentários meus abaixo de cada uma.
Não há uma definição formal de “práticas ágeis”, agilidade, tampouco pesquisas em escala sobre isso.
Logo, o conceito de “práticas ágeis” é aquilo que cada um concebe baseado na interpretação individual.
Neste sentido, um número chama a atenção: 27,8% dos respondentes acham que 80% das empresas estão adotando tais práticas.
Acho que o número acima tem sentido.
Para quem já tem alguma experiência com agilidade, principalmente em escala, fica muito claro que agilidade é mentalidade (mindset).
É um modo de pensar e agir.
Na pesquisa, 55,6% dos respondentes concordam com o que afirmei acima.
Porém, 41,7% acha que agilidade é metodologia. Muito provavelmente isso é influência das “disciplinas” Scrum, Kanban, SAFe etc.
Penso que isso nos mostra que ainda há uma necessidade forte de alinhamento de conceitos e experimentação da produção de software em contextos em transformação ágil.
Nesta pergunta eu não quis especificar quais frameworks ou métodos e propositalmente citei “metodologias ágeis”, pois achei que na cabeça da maioria esta terminologia seria mais fácil de associar com o que eu queria saber.
Na visão de “metodologia ágil” dos respondentes, 69,4% acham que na empresa em que atuam existe alguma iniciativa no caminho da agilidade.
Se eu fosse dar um “range” para conceituar o que eu quis chamar de “iniciativa”, eu diria que o caso mais “embrionário” seriam empresas que fazem uma “daily meeting” com timebox e o caso mais “avançado” seriam empresas que adotaram SAFe.
Essa pergunta é muito legal, porque não há uma definição de Scrum ou Kanban na pesquisa, apenas a opção pura e simples.
Tive contato com agilidade pela primeira vez em 2013, e de lá pra cá minha visão sobre Scrum, por exemplo, mudou demais, e ainda sofre alterações eventualmente.
É possível afirmar que se alguém faz “daily meeting” com timebox de 15 minutos está rodando Scrum?
Ou que se alguém tem um quadro na parede com colunas “a fazer/fazendo/pronto” está rodando Kanban?
O conceito ficou na cabeça de cada respondente conforme a interpretação individual, essa foi a ideia. 🙂
E neste sentido, 77,8% dos respondentes afirmaram que já trabalharam com Scrum e 59,7% afirmaram que já trabalharam com Kanban.
Números bem aderentes ao mercado, na minha opinião, considerando a opinião da maioria dos profissionais que conheço sobre o que é Scrum ou Kanban.
Essa pergunta (e suas respostas) é bem interessante.
Histórias de Usuário é uma prática/técnica que nasceu por volta de 1996 com a Extreme Programming (de onde também nasceram princípios como TDD e Planning Poker, por exemplo).
Mas tem muita gente que associa Histórias de Usuário a agilidade, entendendo que se a técnica para levantar/especificar requisitos não for esta, então a empresa “não é ágil”.
/* O que mais existe na cabeça de muitos profissionais, quando o assunto é agilidade, é pré-conceito (ideias pré-concebidas) que não passam numa “peneira com buracos de 5cm quadrados” de senso crítico. Obs.: me refiro aos que defendem que existem “técnicas obrigatórias” para “estar ágil”. */
Uma comparação chama a atenção: 69,4% dos respondentes afirmaram que a empresa que atuam possui iniciativas ágeis e afirmaram que apenas 30,6% destas mesmas empresas tratam o escopo do software que produzem com histórias de usuário.
Em breve voltaremos com novas pesquisas, espero que o conteúdo deste post possa lhe ajudar de alguma forma, e fique à vontade para trocar ideias conosco participando nos comentários.
Grande abraço!